Um levantamento divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) em relação ao percentual das crianças matriculadas nas redes públicas de ensino de todo o Brasil e foram alfabetizadas na idade certa em 2023 e 2024 traz à tona, em forma de dados, um cenário conhecido de perto pelos lagartenses: o retrocesso que significou a gestão da ex-prefeita Hilda Ribeiro (Republicanos) para a educação em uma das cidades mais importantes do estado. Enquanto a nível nacional, o Governo Federal celebra, assim como o Governo do Estado de Sergipe, enquanto unidade federativa, Lagarto demonstra que estava na contramão, entre os 20 municípios que, no período avaliado, viram esse índice cair, afastando-se da meta estipulada.

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O estudo foi disponibilizado publicamente sexta-feira, 11, dando conta que, em 2024, 59,2% das crianças das redes públicas de ensino de todo o Brasil foram alfabetizadas na idade certa, um número 3,2% maior do que a medição anterior, em 2023.

Sergipe, de acordo com os dados compilados, teve o oitavo melhor desempenho entre os estados, atrás apenas de Minas Gerais, Alagoas, Goiás, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Espírito Santo e Mato Grosso, no que diz respeito a municípios que alcançaram resultados melhores em 2024, com um índice próximo dos 70% das cidades.

Para o principal município da região Centro Sul, no entanto, não há motivos para celebrar, ao contrário. Lagarto está situada entre aqueles que pioraram. O percentual de alunos alfabetizados na idade certa em 2023 foi de 35,06% e, em 2024, o índice foi de 31,27%, uma queda expressiva que afastou a cidade da meta de 42, 31% estabelecida para o ano passado.

Para o professor Genivaldo Santos, representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica do Estado de Sergipe (Sintese) em Lagarto, os dados apontados pelo Governo Federal causam aflição e a necessidade de intensificar o diálogo para encontrar soluções.

“Os dados em relação ao ano anterior apontam uma queda, o que não é bom. Nessa perspectiva, é algo preocupante, ainda mais levando em conta o resultado de outros municípios e estados. Agora, cabe identificar os principais aspectos que fizeram com que esse indicador regredisse, inclusive por meio de um Fórum Municipal de Educação, com a participação de toda a comunidade escolar, para discutir, avaliar e buscar métodos que promovam melhorias.”

A alfabetização na idade certa, de acordo com especialistas, é crucial, uma vez que tanto a leitura quanto a escrita são a base o entendimento e assimilação de conhecimentos mais complexos, ou seja, estudantes que não aprendem essas habilidades no tempo adequado, até o fim do 2º ano do ensino fundamental, têm toda a sua trajetória escolar prejudicada.

Por esse motivo, a alfabetização na idade certa é um direito de todas as crianças brasileiras previsto na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), e há um esforço do Governo Federal, com adesão de 5.558 municípios e de todos os estados, ao Compromisso Nacional Criança Alfabetizada (CNCA).

Nesse cenário de dificuldade, Lagarto está junta a outras 19 cidades sergipanas, que também retrocederam entre 2023 e 2024 em um índice tão importante. São elas: Aquidabã, Arauá, Carmópolis, Divina Pastora, Feira Nova, Graccho Cardoso, Ilha das Flores, Indiaroba, Itabaianinha, Macambira, Nossa Senhora das Dores, Pedrinhas, Porto da Folha, Riachão do Dantas, Santa Luzia do Itanhy, Santana do São Francisco, Santo Amaro das Brotas, Simão Dias, Tomar do Geru.

Quando comparado com municípios de dimensão semelhante, do ponto de vista do tamanho populacional, e no mesmo recorte temporal, Lagarto, sob a gestão Hilda Ribeiro, também decepciona. Assim, entre aquelas com população superior a 100 mil habitantes, excluindo-se a capital Aracaju, isto é, São Cristóvão, Itabaiana e Nossa Senhora do Socorro, Lagarto foi a única a não alcançar a meta estipulada e ainda conseguiu ir além no desastre.

Para quem acompanhou de perto a administração da cidade não pode apontar surpresa no desempenho, infelizmente, uma vez que pais e responsáveis denunciaram publicamente a precarização de creches e escolas, com demissões em massa de colaboradores, falta de pagamento dos profissionais do magistério, e sucateamento da infraestrutura de unidades.

Tudo isso fez com que, em 2025, o atual prefeito Sérgio Reis, tenha decido postergar o índio do ano letivo, para que houvesse tempo para reparos nas unidades que encontravam-se “insalubres”, como ressaltou em algumas ocasiões em contato com a imprensa, mas também regularizar o pagamento dos salários e até mesmo instituir um programa de desjejum, batizado de “Bom dia Feliz”.

Apesar do esforço, os dados divulgados pelo Governo Federal apontam que o novo alcaide e sua equipe terão uma missão complexa e urgente: recuperar o tempo perdido e fazer com que Lagarto ofereça aos seus pequenos cidadãos o que lhes foi negado nos últimos anos, uma educação de mais qualidade e, então, um futuro mais promissor.


Produtor jornalístico do Jornal da 102 (Rádio 102.7 FM), também redator do portal SE79, com DRT 2642/SE. Experiência com correção, edição e direcionamento de conteúdo institucional e político.

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